Ser um empreendedor no Brasil é uma tarefa que exige resiliência e muito planejamento prévio. As dificuldades que o empreendedor já enfrenta normalmente são infinitas. Elaboramos esse post para que seu Planejamento Financeiro não entre nessa lista de dores de cabeça. Resumimos tudo em 5 dicas essenciais e práticas, prontas para se executar.
Antes do post, uma observação importante: a característica mais essencial de um planejamento (seja ele qualquer) é disciplina. Se você não a tiver, confie a área financeira a seu sócio. Você perceberá que todas as dicas exigirão atitudes como foco e muita disciplina. Enfim, ninguém prometeu que empreender seria fácil, certo?
Vamos às dicas!
Finanças pessoais = economia de 2 anos
Começamos com o mais simples, porém essencial: suas finanças pessoais precisam sobreviver a pelo menos dois anos de um cenário onde sua empresa não fature. Isso é uma realidade mesmo que você trabalhe num ramo onde envolvam menos riscos, como um mercado já conhecido e com um faturamento já esperado.
Lembre-se que serão anos até que sua empresa pague o investimento inicial. Até as franquias levam de 18 a 24 meses para retornar o investimento previsto. E até lá seus custos serão grandes, e a prioridade do dinheiro foi para o seu empreendimento. Por isso, a regra é diminuir os custos ao máximo. Todos os passivos que geram custos mensais altos (evitáveis) precisam sair do seu orçamento mensal.
Seja ousado até o seu próprio limite. Um exemplo disso é: seu carro é um passivo, mas caso ele seja seu instrumento de trabalho tanto quanto o computador vende-lo pode pôr tudo a perder. Você e seu negócio estabelecem os limites do que é razoável evitar e do que é necessário para performar bem.
Finanças da empresa = 18 meses
A recomendação é que você estabeleça um investimento inicial de 18 meses de operação até que seus primeiros clientes comecem a chegar. Essa recomendação passa a ser regra em negócios de internet, como empresas que vendem Software como Serviço (do inglês Software as a Service, “SaaS”) ou mercados onde envolvam riscos como os que as startups correm.
Em alguns setores, por exemplo no ramo médico, o ideal é até 40 meses de fluxo de caixa sem entradas. Esse é um setor onde é comum precisar-se de muito tempo (validações das soluções, aprovação no Conselhos de Medicina) e velocidade não é um fator que você pode contar.
Fuja da “empresa Zumbi”
Chegou a hora de confessar algo a você: na primeira empresa que conduzi com 3 sócios cometemos o erro de segurar ao máximo cada investimento antes de realiza-lo. O resultado disso é que criamos uma “empresa zumbi”, que morreu muito lentamente (levamos mais de 2 anos tentando fazer um modelo de negócio dar certo). Teríamos economizado nosso tempo arriscando mais e tentando fazê-la prosperar em 1 ano.
O medo de um cenário desfavorável e a inexperiência podem levar o empreendedor a cair nessa armadilha. Deixar sua empresa morrer lentamente é muito desgastante, para todos os sócios. Você quer investir no marketing e recebe a resposta como “podemos esperar? ” ou “será que é hora mesmo?”. Decisões repensadas a todo momento quebram a produtividade também, o que gera um problema adicional.
Mire sua meta, invista no sucesso e deixe o dinheiro mover a energia daquela tarefa. Planeje seu marketing e execute o plano, ou aumente a força de vendas, ou invista na infra-estrutura ou obtenção de novos fornecedores. As opções são ilimitadas, mas uma coisa é certa: sua empresa certamente pode ser melhor amanhã do que ela é hoje! Não deixe o acaso dominar as rédeas do seu crescimento e fuja da “empresa zumbi”.
Foco na atividade principal da empresa
Repare que as dicas anteriores mencionam um planejamento cuidadoso do seu dinheiro. Tudo isso é para que você o invista com consciência e tome as melhores decisões.
Uma dica preciosa: assim como você investe a maioria do seu tempo na atividade principal do negócio, seu dinheiro deve seguir o mesmo caminho. Isso porque é comum aparecerem custos não-programados e se a maior parte do dinheiro não for destinado ao negócio principal da empresa você pode ter sérios problemas.
Exemplo: se sua empresa vende cosméticos o foco inicial é na produção das unidades e distribuição aos pontos de venda. Não faz sentido investir boa parte do dinheiro montando um setor de Recursos Humanos logo no início da empresa, pois essa é uma área suporte ao negócio. É como uma empresa de projetos de engenharia ter no seu quadro de funcionários 40% em setores administrativos. Se algo não faz parte da atividade principal da empresa não deve dominar o orçamento.
Controle “militar” do orçamento
O dilema de sempre revisar o planejamento financeiro (excessivamente) e nunca conseguir aproximar o Planejado do Executado é muito comum entre empreendedores de primeira viagem. Como escrito anteriormente, o medo de um cenário desfavorável faz com que o empreendedor revise sempre as tomadas de decisão, principalmente as financeiras.
Lembra da Dica sobre a “empresa zumbi”? Pode ocorrer o efeito contrário também: falta de priorização e investimentos indesejados, não-planejados. Isso faz com que a empresa tenha um fluxo de caixa negativo e esgote suas reservas rapidamente. Por isso, faça um controle rígido do orçamento traçado inicialmente e somente adicione novos custos ou investimentos se fizerem sentido com a regra anterior (atividade principal).
Meias medidas levam a resultados medíocres! Não cometa esse erro ao cuidar do orçamento de sua empresa: cumpra o planejamento inicial e mantenha-se ao plano. Essa é a receita de sucesso dos maiores empreendedores, que fazem com perfeição a tomada de decisões difíceis, no tempo certo e condizentes com o plano inicial.
Escrito por Diego Cordovez, sócio e co-fundador da Viddheo, (SaaS de suporte a clientes via videoconferência)
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