Atualizado em 10 de agosto de 2021.
Empreendedores responsáveis devem manter um controle constante sobre a saúde financeira do negócio. Essas informações são obtidas por meio de dados, estatísticas, métricas e avaliações.
Nesse universo, os indicadores de endividamento são índices financeiros imprescindíveis para o bom andamento de uma empresa.
Analisar esses índices permite que o gestor saiba se está fazendo um bom trabalho ou se a empresa está se aproximando de um período turbulento em relação às finanças. Dessa forma, ele conseguirá realizar um plano realista para redimensionar os número da empresa.
Para que você não fique perdido no assunto e conheça um pouco melhor o que deve ser avaliado, este artigo apresenta 5 indicadores. Acompanhe e saiba mais!
1. Índice de endividamento geral
O Índice de Endividamento Geral (EG) é um dos indicadores básicos que devem ser utilizados pelas empresas. Ele busca representar o valor total que está comprometido para o pagamento de custos relacionados a terceiros, os chamados passivos exigíveis.
De forma simplificada, o índice de endividamento geral apresenta aos gestores como a empresa tem financiado suas atividades, podendo ser com recursos próprios ou com capital de terceiro.
Cálculo
A fórmula é bastante simples: o valor total das dívidas, tanto as de curto como as de longo prazo, deve ser dividido pelo total do ativo. Sendo assim:
EG = (Capital de terceiros / Ativos totais) x 100.
Suponha que sua empresa tem um ativo no valor de R$ 60.000,00 e passivo no valor de R$ R$40.000,00. Utilizando a fórmula mencionada a cima termos o seguinte índice de endividamento geral:
EG: (R$ 40.000,00/R$ 60.000,00)/100=66,66% ou 0,66
Análise
Com o exemplo , podemos perceber que a situação apresentada não é das melhores, pois 66,66% da empresa está condicionada aos recursos de terceiros.
Para compreender se o índice apresentado é favorável às expectativas da empresa, se analisa da seguinte forma:
- menor que 1: significa que o ativo da empresa é capaz de saldar todas as dívidas;
- maior que 1: representa que o ativo do empreendimento não é suficiente para quitar os valores devedores.
Quando a empresa atinge o coeficiente 1 ou 100%, isso significa que o negócio esgotou todas as fontes de recursos próprios para o pagamento das dívidas. Ou seja, é um sinal de alerta e indica que o empreendimento não terá dinheiro para pagar as dívidas.
Mensuração
Como se pode perceber, para realizar o cálculo do índice de endividamento geral é imprescindível o acesso ao Balanço Patrimonial, uma vez que é ele o responsável por apresentar os valores das contas utilizadas para a fórmula.
Entre as principais finalidades da análise do EG está a mensuração da solvência financeira. A partir dos resultados apresentados pelo endividamento geral, os empreendedores conseguem averiguar se o valor total do ativo é capaz de saldar o somatório das dívidas.
Via de regra, o sucesso empresarial está diretamente ligado à tomada de decisão, logo, para que seja possível traçar estratégias para alavancar os resultados dos negócios, é imprescindível acompanhar o comportamento do percentual de dívidas do estabelecimento.
É coerente aproveitar as oportunidades com capital de terceiro para realizar investimento que trarão retornos significativos para o crescimento da empresa. No entanto, não se pode descuidar do montante que o capital de terceiro representa, pois, em algum momento esses valores deverão ser pagos.
Vale salientar que o Índice de Endividamento Geral não é capaz de determinar se a saúde financeira da empresa está como deveria. No entanto, ele deve ser medido com certa frequência, já que a queda nos resultados indica uma reação positiva da companhia em relação aos passivos.
2. Margem líquida
Esse indicador mostra a capacidade da empresa de gerar lucro em relação à receita líquida conquistada em um determinado período. O principal objetivo da margem líquida como indicador de endividamento é contribuir para que o empreendedor entenda se os custos da empresa estão elevados.
No entanto, o resultado — sempre expresso em porcentagem — é subjetivo. Ou seja, para ser considerado bom ou ruim, deve estar relacionado à realidade do negócio. Por exemplo, grandes empresas costumam ter margens pequenas, pois ganham em volume.
Já os empreendimentos menores e prestadores de serviços trabalham com margens maiores devido a um volume de vendas também reduzido.
Quanto mais alto for esse indicador, significa que mais bem preparada a empresa estará para os momentos de baixa na receita. Negócios que operam com uma margem muito baixa estão suscetíveis ao prejuízo em qualquer variação positiva ou negativa de despesas e receitas. A fórmula para realizar esse cálculo é:
ML = resultado líquido / receita.
Suponhamos que a empresa X tem o seguinte cenário
Receita total: R$ 30.000,00 – Custos de execução de serviços: R$ 15.000,00 – Impostos: 1.500,00 -Despesas fixas e vaiáveis: R$ 3.000,00.
Lucro líquido= (30.000 – 15.000,00 – 1500,00 – 3000,00) = 10.500,00.
Margem de lucro líquido: R$ 10.500,00 / R$ 30.000,00 = 0,35 x 100 = 35%.
A margem é feita para analisar quanto sobra do preço que foi cobrado, por exemplo de cada R$ 200,00 que entra no caixa, 35% , ou seja, R$ 70,00 é para custear os gastos que tivemos.
3. Alto índice de empréstimos
Toda e qualquer aplicação, seja ela financeira, em direitos ou bens, é considerada um investimento. Quando uma empresa analisa os seus financiamentos constantemente, ela garante o controle sobre a origem dos recursos e aplicações, que podem ser:
- recursos gerados pelos lucros da sua atividade;
- capital investido pelos sócios;
- emissão de ações no mercado — no caso das organizações de capital aberto;
- dívidas assumidas com terceiros — os famosos financiamentos.
É possível afirmar que para cada investimento feito em um negócio existe um financiamento por trás dele.
Quando falamos na estrutura de capital, estamos nos referindo às fontes de financiamento que a empresa utiliza para isso. E, no caso dos fundos aplicados, quando pertencem a terceiros, devem ser tratados como dívidas. Nesse caso, o uso constante e elevado de capital de credores pode indicar que a empresta está endividada.
Para saber o quanto as finanças estão comprometidas com empréstimos, é preciso levar em conta o cálculo do capital de giro, que sofre a influência de 3 fatores:
- contas a receber: resultados das vendas;
- estoque: que deve ser modificado conforme as necessidades do mercado atual;
- caixa e conta bancária: que revelam os recursos financeiros da empresa.
Assim, o capital de giro é medido pela fórmula:
CG = ativo circulante – passivo circulante
Em que o AC faz referência a aplicações financeiras e o PC às contas a pagar, incluindo os empréstimos. Portanto, se esse calculo for negativo, significa que os valores contidos no PC vão além da capacidade financeira da empresa. Assim, o negócio pode ser afetado de maneira negativa.
4. Liquidez corrente
A liquidez corrente (LC), também conhecida como liquidez circulante, é um dos indicadores de endividamento que relevam se o negócio tem recursos financeiros suficientes para se manter por até um ano. Em síntese, se o resultado for maior ou igual a 1, significa que a empresa tem capital de giro para funcionar por esse período. A fórmula é:
Liquidez corrente = ativo circulante / passivo circulante
Quando analisamos financeiramente o índice de liquidez corrente, devemos considerar que ele deve ser sempre maior que 2, ou seja, o ativo circulante deve ser duas vezes maior que o passivo circulante.
É muito importante que as empresas façam o controle da liquidez, pois, quando percebem que estão em baixa com antecedência, podem realizar ações de redução de estoque, convertendo o valor em disponibilidades para quitação das dívidas, além da captação de fundos ou parcelamento de dívidas.
Por outro lado, quando a empresa tem ativos circulantes em excesso, pode demostrar que ela tem deixado de realizar novos investimentos, o que diante do mercado pode ocasionar uma retração perante os concorrentes. Logo, um índice acima de 4 pode ser considerado ruim diante do cenário empresarial.
5. Índice de cobertura de juros
O índice de cobertura de juros é o indicador que revela a capacidade da empresa de honrar os juros provenientes da sua dívida, mas sem comprometer o seu fluxo de caixa. O resultado é muito relevante, pois nem sempre um nível alto de endividamento significa que a companhia vai mal, caso ela tenha capacidade para cobrir os juros.
Empresas que se endividaram para obter uma forma mais acessível de financiamento e conseguem perfeitamente arcar com o pagamento desse empréstimo, geralmente, não precisam se preocupar. Veja a seguir a fórmula do índice de cobertura de juros:
Índice de cobertura de juros = Lucro operacional/despesas com juros
Nesse contexto, é muito importante não avaliar somente um dos indicativos presentes neste artigo, mas combinar a aplicação de vários desses cálculos. Cada um representa uma questão.
No entanto, quando são utilizados em conjunto, podem compor um diagnóstico seguro e preciso a respeito da saúde financeira de um negócio. Por outro lado, é necessário conhecer o que cada uma das avaliações apresentadas neste artigo revela sobre a companhia.
Sendo assim, mais que conhecer os indicadores de endividamento, é preciso saber como eles devem ser empregados e interpretados. Resumir essa análise apenas à aplicação matemática das fórmulas não revela a real situação das finanças da companhia.
Nesse caso, o mais indicado é contar com uma empresa de contabilidade terceirizada, cujos profissionais sejam aptos a não apenas calcular, mas também a fazer o diagnóstico adequado com base nesses resultados.
Como se pode perceber, as demonstrações contábeis são indispensáveis para a formulação de todos os índices mencionados neste artigo, logo, compreender as informações que elas apresentam torna o empreendedor mais capacitado para lidar com as inúmeras situações que um empreendimento está suscetível.
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